En 2007, Ana Moura publicaba su tercer álbum: «Para além da saudade» y en él se incluía el tema ‘Vaga No Azul Amplo Solta’ que la fadista interpretaba a dúo junto al cantautor español Patxi Andión. Con música del propio músico, la letra es un poema de Fernando Pessoa que forma parte de su obra «Cancionero».
Letra:
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
Lo que lloro es diferente,
está en el centro del alma,
mientras en cielo silente,
la nube se mece en calma.
mientras en cielo silente,
la nube se mece en calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Pero al fin lo que es llanto,
en esta triste amargura,
vive en el cielo más alto,
en la nostalgia más pura,
vive en el cielo más alto,
en la nostalgia más pura.
No sé lo que es ni consiento,
al alma saberlo bien.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto el dolor con que miento,
dolor que en mi alma es ser
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Poema original de Pessoa:
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.